Cannabis: vendas recordes e mercado global em expansão
A venda legal de maconha nos Estados Unidos teve recorde em 2020. Atingiu US$ 17,5 bilhões, aumento de 46% em relação a 2019. E as perspectivas são otimistas: o tamanho do mercado legal global de cannabis deve chegar a US$ 91,5 bilhões em 2028, segundo um novo relatório da Grand View Research.
A maior parte do crescimento das vendas veio dos mercados de uso adulto de maconha. Ao mesmo tempo, o escopo de aplicação da cannabis medicinal tem ampliado. E o que se vê é uma demanda cada vez maior por produtos de cannabis sativa para tratamento de várias doenças e problemas crônicos, de insônia e dores musculares a doença de Parkinson, Alzheimer, artrite, câncer, depressão, ansiedade, epilepsia e várias outras condições neurológicas.
Robô da Bloom Automation remove folhas da planta de cannabis sativa com delicadeza. Foto: Reprodução/Bloom Automation
Aumento do consumo e legalização da maconha no mundo
A flexibilização em escala global tem sido contínua. Por consequência, as pessoas vão ficando mais confortáveis com o tema conforme o mercado ganha corpo.
Nos Estados Unidos, um dos mercados de cannabis mais aquecidos, 14 estados permitem o uso adulto e 36 estados liberaram o consumo por razões médicas.
Mas se dependesse da maioria da população, tudo já estaria legalizado.
Pesquisa da Pew Research aponta que 67% dos norte-americanos acreditam que o uso da maconha deve ser legalizado. Isso representa o dobro do percentual registrado em 2000. À época, 31% dos entrevistados defenderam a legalização da maconha.
Canadá e Uruguai também deram um passo adiante e legalizaram o uso recreativo da cannabis.
Na Alemanha, o novo governo de coalizão promete também legalizar a maconha recreativa. Seria o segundo país europeu a adotar tal medida, depois de Luxemburgo. E pode se tornar o maior mercado legal de cannabis - a população da Alemanha é de aproximadamente 83 milhões de pessoas.
Novas oportunidades de negócios
A partir do momento em que a maconha e os derivados da cannabis produzidos em determinado país ingressam no mercado legal, o valor fica mais competitivo, o que também estimula a demanda.
A legalização da maconha na Alemanha impulsionaria o mercado europeu já em expansão. Até 2025, a receita anual deve ultrapassar os 3 bilhões de euros. Também vai trazer receitas fiscais anuais ao governo alemão, além de economia de custos e criação de novos postos de trabalho.
Esse cenário consiste em um desenvolvimento positivo dos mercados regionais. Muitas empresas que apostam na maconha e lidam com seu obscuro status legal têm se beneficiado com as flexibilizações.
Com isso, muitos investidores estão interessados em ações de cannabis e nas oportunidades de investimento que surgem com a legalização.
Empresas de destaque na indústria da maconha e impacto da tecnologia
Olhando além da distribuição e da venda de maconha medicinal e recreativa, o mercado da maconha tem muita pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico.
Inteligência artificial, machine learning, automação e até blockchain possuem cada vez mais aplicações em relação a maconha.
Entre as maiores empresas da indústria da maconha estão:
Bloom Automation
Constrói robôs e equipamentos de automação que aparam pés de maconha e processam a cannabis. Eles são treinados com algoritmos, ou seja, machine learning, para fazer o manejo da planta, como, por exemplo, cortar as folhas sem danificá-la, deixando somente as flores da maconha.
Canopy Growth Corp. ($CGC)
Grupo de 21 empresas que desenvolvem e vendem diversos produtos à base de maconha e cânhamo para fins recreativos e médicos. A sede do grupo é no Canadá.
Cronos Group Inc. ($CRON)
Outro grupo canadense. Oferece plataformas de produção e distribuição de maconha medicinal, além de cultivar óleo de cannabis.
Tilray Inc. ($TLRY)
Também sediada no Canadá, com operações globais. Faz pesquisa, cultivo e distribuição de cannabis. Vende diversos produtos, alimentos à base de maconha e bebidas alcoólicas - estão investindo na compra de destilarias.
MTrac
Desenvolveu a plataforma de pagamentos "Marijuana" e promete resolver os gargalos bancários do setor.
Eaze
Trabalha com distribuição de maconha. Avaliada em US$ 300 milhões. Anunciou recentemente a criação de uma plataforma para enviar produtos de CBD para 41 estados dos EUA.
Criptomoedas para maconha
Nos Estados Unidos, transações bancárias de empresas e operadores que vendem ou distribuem maconha são proibidas. Isso levou ao surgimento de moedas virtuais específicas para cannabis. Foi uma forma de preencher a lacuna de um mercado que já movimenta milhões.
Entrega de maconha por Uber
Em uma entrevista na CNBC, o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, disse que a empresa poderia começar a oferecer entregas de cannabis assim que o serviço fosse permitido pelas regulações federais norte-americanas.
Tem muita fumaça ainda nesse mercado que precisa ser dissipada para que mais empresas e iniciativas decolem. O que se pode ver é uma evolução consistente em uma indústria que parece só depender de um sopro maior de flexibilização para expandir.