O que são consumer staples e como as empresas e os ETFs do setor podem segurar a sua carteira em tempos de crise

‍Conheça os principais ETFs de bens de consumo, mercado defensivo que suavizou perdas na pandemia.
Wall Street

Com a pandemia, muita gente deu aquela segurada nos gastos. Turismo, lazer e compras supérfluas foram logo cortadas do orçamento. Mas, tem coisas que, faça chuva ou faça sol, a gente continuou – e continua – consumindo, como necessidade básica, como alimentos, bebidas, itens para casa, produtos de limpeza e de higiene pessoal. Ah, álcool e cigarro também estão inclusos e, inclusive, tem o consumo exacerbado em momentos de crise, como mostram pesquisas sobre a pandemia, mas também outros momentos críticos ao longo da história.

São produtos que acabam virando prioridade mesmo em tempos difíceis, independentemente da situação financeira. Esses itens de primeira necessidade, de bens de consumo, são chamados nos Estados Unidos de consumer staples. Abaixo, selecionamos algumas das maiores empresas desse setor:

O setor de consumer staples é considerado defensivo porque é mais resistente em tempos de crise – como uma pandemia. Não significa que vai deixar milionário quem comprar ações dessas empresas, porque não costuma apresentar um crescimento expressivo, de acordo com dados históricos de desempenho.

Mas, na contrapartida, em tempos de crise, as ações dessas empresas de consumer staples geralmente têm quedas muito menores do que as de outros setores, já que a demanda por esses produtos sempre se mantém alta.

Vamos entender melhor o potencial defensivo desse setor na tabela abaixo, ao compará-lo com o S&P 500, principal índice de ações da bolsa americana e um ótimo termômetro do mercado como um todo.

De 2007 a 2021, o retorno médio anual do setor de bens de consumo foi de 10,40% – muito próximo ao desempenho geral do S&P. Agora, vamos analisar os extremos ao longo desse período:

Fonte: Investidores Globais, com dados da Novel Investor. 2007-2021

No melhor ano, o setor de bens de consumo teve uma valorização de 27,6% – na lanterna entre todos os setores do S&P 500. A área de tecnologia, por exemplo, avançou mais que o dobro: 61,7%. A situação muda no pior ano dessa série. O setor de bens de consumo caiu pouco mais de 15% – a menor queda de todas. O setor de tecnologia caiu 43%. O índice geral teve um tombo de 37%.

Por isso, especialistas indicam que é importante considerar empresas de bens de consumo para compor o portfólio e suavizar as perdas em tempos de baixa na economia. Elas funcionam como uma espécie de airbag: diminuem o impacto da crise.

No gráfico abaixo, temos outra análise relevante. Em vermelho, está o XLP, que é um ETF de consumer staples (entenda mais abaixo). Em azul, está o S&P 500.

Dá pra ver que, nos últimos cinco anos, o desempenho do setor de consumer staples foi menos da metade do índice geral, que dobrou no período (104%).

Fonte: Seeking Alpha

Mas, o potencial defensivo dos bens de consumo fica muito claro em quedas bruscas, como em meados de 2020, com o início da pandemia. A queda nesse setor foi muito menor do que o tombo do S&P 500.

Agora que já entendemos o que são consumer staples (traduzindo: bens de consumo), vamos ver os principais ETFs desse setor.

ETFs são fundos que replicam um índice – e uma forma acessível de diversificar os investimentos.

ETFs de bens de consumo

$XLP

ETF da gestora Spider (SPDR) – o maior e também o mais antigo do setor de consumer staples, criado em 1998. A estratégia desse ETF é investir em todas as empresas de bens de consumo do S&P 500 na mesma proporção do índice. São 32 empresas no portfólio do fundo. A taxa de administração é de 0,12% ao ano.

$VDC

ETF de bens de consumo da gestora Vanguard. Ele segue o índice MSCI US Inv. Market Consumer Staples – ou seja, investe em todas as empresas de consumer staples dos Estados Unidos, não só nas companhias do S&P 500. São cerca de 100 empresas no portfólio do fundo. A taxa de administração é de 0,10% ao ano.

$FSTA

ETF de bens de consumo da Fidelity. Tem uma estratégia muito parecida com o ETF VDC, pois também replica o mesmo índice. A taxa de administração é um pouco menor, de 0,08% ao ano.

$KXI

ETF da iShares. O diferencial é que ele não investe somente em empresas de bens de consumo dos Estados Unidos, mas sim do mundo todo. Ele segue o índice S&P Global 1200 Consumer Staples Sector e tem cerca de 90 empresas no portfólio. A taxa de administração é um pouco mais alta, de 0,43% ao ano.

$RHS

ETF da Invesco. Investe nas empresas de bens de consumo do S&P 500, como o XLP, mas é um ETF equal weight, ou seja: todas as empresas têm o mesmo peso dentro da carteira do fundo. A taxa de administração é de 0,40% ao ano.