Colapsos bancários: o que explica a crise no setor financeiro

Em 2023, quatro bancos já anunciaram falência nos Estados Unidos e Europa. Veja o que está causando a crise no setor
Eron

Neste artigo:

- A quebra de Silicon Valley Bank, Signature Bank, First Republic Bank e Credit Suisse;

- Os motivos da crise;

- O que aconteceu com cada banco.


O setor financeiro passou por maus bocados nos últimos meses de 2023. Quatro instituições financeiras, sendo três dos Estados Unidos e uma da Suíça, declararam falência e agitaram o noticiário econômico.

O primeiro dos bancos a declarar falência foi o Silicon Valley Bank. A instituição anunciou falência em 10 de março de 2023. Fundado em 1983 no Estado da Califórnia, a instituição somava mais de US$209 bilhões em ativos. Financiava operações financeiras de empresas de tecnologia e era a 16ª maior instituição bancária dos Estados Unidos.

Dois dias depois do fechamento do SVB, em 12 de março de 2023, foi a vez de outro banco ser fechado: o Signature Bank. A instituição surgiu em Nova York, em 2001, e detinha cerca de US$118 bilhões em ativos.

O último dos bancos americanos a fechar as portas foi o First Republic Bank. O banco da Califórnia faliu em 1º de maio de 2023, colocando ponto final em uma história iniciada em 1985. A instituição detinha US$229 bilhões em ativos.

Na Europa, quem passou perrengue foi o Credit Suisse ($CS). O banco suíço foi salvo da falência graças a um acordo com o rival UBS ($UBS). Em 19 de março de 2023, foi divulgado que o UBS comprará o Credit Suisse por US$ 3,25 bilhões.

Os motivos da crise

A última grande crise no mercado bancário dos Estados Unidos aconteceu entre 2007 e 2008. Há 15 anos, uma bolha imobiliária causou um colapso financeiro que levou à falência o banco Lehman Brothers, em setembro de 2008.

Além do Lehman Brothers, o banco Merrill Lynch foi comprado pelo Bank of America ($BAC) – operação semelhante à qual Credit Suisse e UBS estão passando na Europa.

Se em 2008 o problema foi imobiliário, com aumento no valor de imóveis que não acompanhou o aumento de renda do povo norte-americano, em 2023 a razão é outra. A crise no setor de criptomoedas, que vem desde 2022, afetou diretamente o Silicon Valley Bank.

Além disso, o SVB recebeu muitos aportes de empresas de tecnologia entre 2020 e 2021 e foi de US$ 61 bilhões para US$ 189 bilhões em depósitos, graças a juros baixos e crescimento de demanda de serviços de tecnologia durante a pandemia de Covid-19.

Com o aumento da taxa de juros estipulada pelo Fed – equivalente norte-americano ao Banco Central –, o Silicon Valley Bank começou a sentir impactos negativos. Como a maior parte dos clientes da instituição era formada por startups, os efeitos foram devastadores.

A pandemia levou à redução de financiamentos de investidores nas empresas. As dificuldades chegaram também ao setor de tecnologia. A Meta ($META), por exemplo, chegou a demitir mais de 10 mil funcionários em novembro de 2022 – fato que se repetiria em março de 2023.

Esse fato, somado ao aumento da taxa de juros, as empresas que tinham dinheiro no SVB começaram a retirar os aportes. As ações do SVB chegaram a perder 60% do valor no período. Até que, em 10 de março de 2023, a instituição declarou falência.

A crise no Silicon Valley Bank respingou em outras empresas financeiras. Com o medo causado pela do 16º maior banco dos Estados Unidos, houve uma verdadeira corrida de saques no Signature Bank e também no First Republic Bank. Ambos também fecharam as portas.

E agora? Como ficou cada banco?

Com a crise bancária, o FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation), órgão semelhante ao FGC (Fundo Garantidor de Crédito) brasileiro teve de intervir. Assim que decretou a falência do SVB, o órgão do governo americano criou uma espécie de banco substituto para pagar os principais credores: o Deposit Insurance National Bank of Santa Clara.

Ainda em março de 2023, o Silicon Valley Bank foi comprado por duas instituições: o HSBC UK e o First Citizens Bancshares.

Já o Signature Bank foi adquirido pelo Flagstar Bank – que anunciou que não iria absorver as operações de criptomoedas.

O First Republic Bank, por sua vez, teve suas operações compradas pelo JPMorgan Chase ($JPM).