E o Twitter foi para os trending topics, como Elon Musk gosta

O bilionário que chacoalha mercados, fez hoje uma oferta pra comprar 100% das ações do Twitter. Elon quer ter na mão não só os alguns assuntos do momento, a indústria de motores elétricos, e Marte. Quer ser dono uma das maiores mídias sociais do mundo.
Twitter

Ele nasceu na África do Sul, em Pretória, no dia 28 de junho de 1971. Hoje, é dono de duas das maiores e mais queridas empresas do mundo - SpaceX e Tesla.

Elon Musk movimenta a pauta global, seja com lançamento de foguetes e de mais um modelo de carro elétrico com design e tecnologia encantadores, seja com um tuíte sobre criptomoedas. Já foi, inclusive, acusado de manipular o preço das ações da Tesla ao jogar em um post na rede social a bomba da possibilidade de fechamento do capital da Tesla. Teve que pagar US$ 40 milhões em multa à SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA. Mas isso é troco pra ele.

Agora, o cinquentão que já fumou maconha no streaming de um podcast no YouTube está sugerindo também - e de novo através de tuítes - a privatização do Twitter. Tudo isso nesta véspera de Sexta-Feira Santa que, mesmo com grandes mercados fechados, promete ser de muita movimentação, como você vai ser ao longo deste texto.

No momento, outra polêmica envolvendo Musk é o processo movido contra ele por ex-acionistas do Twitter que se sentiram lesados pelo fato de o empresário ter demorado para anunciar que havia comprado ações da companhia. São investidores que venderam suas ações do Twitter antes de Elon Musk divulgar a sua compra (veja mais abaixo). Quando a informação veio a público, as ações subiram e quem vendeu seus ativos antes da divulgação - mas com a aquisição de Musk já feita - alegou prejuízo.

De usuário, a acionista e, quem sabe, dono do Twitter

Há poucos dias, Musk - que é o homem mais rico do mundo e está prestes a se tornar o primeiro trilionário do mundo - já tinha ido para os trending topics ao comprar 9,2% das ações do Twitter, por US$ 2,9 bilhões, e se tornar acionista majoritário da plataforma.

Logo depois, foi indicado para integrar o Conselho de Administração do Twitter. No início desta semana, declinou do convite. Agora dá pra entender por quê. Elon Musk não quer ser parte do conselho - até porque o cargo limitaria a sua fatia da empresa em 14,9%. Ele quer mais. Quer ser o dono de tudo.

O CEO do Twitter, Parag Agrawal, deixa claro publicamente a sua simpatia por Musk. Respondeu com gentileza à negativa do empresário para integrar o Conselho. E comenta de forma condescendente as modificações que Elon Musk defende na plataforma, como o fim dos bots e a implementação do recurso de edição dos tuítes (até então, não é possível mudar o texto postado ou acrescentar uma imagem ao post, por exemplo).

Musk propõe alterações no Twitter não só como um acionista de peso, mas também como um "usuário alpha". Ele é heavy user da rede. Criou seu perfil em 2009. Hoje, tem mais de 81 milhões de seguidores. Tuíta e retuíta várias vezes por dia. Ainda esta semana, fez uma enquete sobre o botão “editar” - 73,6% dos mais de 4,4 milhões de votos foram a favor (e você, vota sim ou não?).

Em outro tuíte, especulou: “O Twitter está morrendo?”, ao citar que muitas das contas com o maior número de seguidores - como de Justin Bieber and Taylor Swift - “tuítam raramente e postam muito pouco conteúdo”.

Recentemente, quando comprou as ações do Twitter, declarou - no documento oficial para fins de regulação de mercado nos EUA - que teria uma postura passiva em relação ao negócio. Mas mudou de ideia no dia seguinte e, em novo documento, se posicionou como investidor ativo. 

Cada manifestação de Musk reverbera em movimentos de mercado, percentuais ou cifrões. Quando recusou a entrada para o Conselho de Administração do Twitter, por exemplo, as ações da empresa ($TWTR) caíram 4%, fechando em alta de 1,69% naquele dia (11/abr/2022).

Nesta quinta-feira, Musk agitou novamente o Twitter e o mercado global de ações com apenas um tuíte de 4 palavras - “I made an offer” ("Eu fiz uma oferta"), acompanhadas do link para o documento oficial em que declara a intenção de compra da totalidade dos ativos da empresa. Quer pagar US$ 54,20 por ação, o que dá cerca de US$ 43 bilhões (R$ 202,1 bilhões, segundo a cotação do dólar hoje em R$ 4,70). A companhia declarou que vai avaliar. 

Elon Musk quer comprar o Twitter para, segundo ele, destravar o potencial da plataforma. E defende mais liberdade para os usuários. Enquanto isso, há críticas fortes rolando na rede para o fato de ficar na mão de uma pessoa só uma mídia social de dimensão e poder imensuráveis. O Twitter é, por exemplo, um dos principais territórios de discussão - e desenvolvimento - em criptoativos. E foi um canal primordial de fortalecimento e expansão do movimento que culminou na Primavera Árabe. A eleição presidencial dos Estados Unidos de 2016, que levou Donald Trump ao poder, também tem o Twitter dentre os personagens principais, com atuação massiva de bots. 

Há muitas variáveis e questionamentos envolvidos - e outros tantos devem surgir nos próximos dias. Inclusive a partir das mãos do próprio Musk.

O bilionário tuiteiro adentra esta noite de véspera de feriado deixando claro que a Sexta-feira Santa de mercados fechados não vai ter folga.

Está lá perguntando se só o board diretivo deveria votar na proposta de compra que ele fez, ou se todos os acionistas deveriam ter esse poder - com a entonação clara de um profissional em social media que deixa evidente, nas entrelinhas, que a segunda opção é a melhor para ele, claro. A enquete ainda está aquecida, vencendo, com larga vantagem, a opção que mais agrada Musk.

Em geral, a internet gosta de Elon Musk. Assim como o mercado de investimentos. Mas tem gente que quer vê-lo ir para Marte em uma das missões turísticas espaciais, para nunca mais voltar. Aqui vai a nossa enquete: você está com Musk ou contra Musk?