Risco sistemático: saiba o que é e como isso afeta os investimentos
Neste artigo:
- O que é risco sistemático;
- Queda no mercado e o Circuit Breaker.
Todo investidor sabe – ou deveria saber – que aplicações financeiras de qualquer natureza envolvem riscos em menor ou maior escala. Seja renda fixa, ações ou outros formatos, não há como tirar o fator de risco do negócio.
E um dos riscos no mundo dos investimentos é o chamado "risco sistemático" – em inglês, conhecido como "systematic risk". O risco sistemático, também conhecido como risco não diversificável, risco de volatilidade ou risco de mercado, afeta o mercado como um todo, não apenas uma determinada ação ou setor. Um exemplo recente é a crise do banco norte-americano Silicon Valley Bank.
Saiba mais sobre o risco sistemático neste artigo.
O que é o risco sistemático ou risco de mercado
O risco sistemático é uma condição que pode acontecer com o mercado sem que haja uma espécie de controle ou previsão. É um risco agregado geral que vem de coisas como desastres naturais, guerras, grandes mudanças nas políticas governamentais e outros eventos que não podem ser planejados ou evitados.
É diferente de uma situação que afeta apenas um setor específico do mercado – como uma seca afetando o setor elétrico ou algo que afete a área de telecomunicações, por exemplo.
O risco de mercado, como o próprio nome diz, engloba situações que fogem do controle e que podem afetar a situação em outras instituições e países.
No caso recente do Silicon Valley Bank, que chegou a ter atividades encerradas conforme anunciado no dia 10 de março, outros bancos tiveram impacto negativo nas ações durante o pregão do próximo dia útil, 13 de março.
O setor financeiro como um todo ($XLF) apresentou queda de -3,95% em 13 de março. E os grandes bancos dos Estados Unidos também tiveram resultados ruins.
O Citigroup ($C) caiu -7,45% enquanto o Bank of America ($BAC) fechou em baixa de -5,81%. O Wells Fargo ($WFC) foi outro banco com queda grande: -7,13%. Já o Goldman Sachs ($GS) caiu -3,71%; o Morgan Stanley ($MS) apresentou redução de -2,29% enquanto o JPMorgan Chase ($JPM) fechou em baixa de -1,80%.
Instituições brasileiras com ações listadas na bolsa de valores dos Estados Unidos tiveram resultados distintos. O Nubank ($NU) fechou o dia em alta de 0,67%. O Inter ($INTR) caiu -6,28%; já a XP ($XP) teve baixa de -3,36%.
Circuit Breaker e o mecanismo de 'controle'
Em situações de crise no mercado existe um mecanismo nas bolsas de valores conhecido como Circuit Breaker. O objetivo é proteger o investidor de grandes perdas. Trata-se de uma medida emergencial, que interrompe as negociações por um período de tempo determinado. E o que define o tempo de paralisação é a queda de um índice em específico.
Cada país tem um regulamento definido para o acionamento do Circuit Breaker. No caso dos Estados Unidos, o mecanismo é acionado desta forma:
- caso o S&P 500 apresente uma queda de 7% em relação ao dia anterior, o pregão é paralisado por 15 minutos, a não ser que isso aconteça após 15h25 (horário de Nova York). O cenário de queda de 7% é chamado de declínio Nível 1;
- Se a queda do S&P 500 chegar a 13%, o declínio avança para o Nível 2. E a interrupção também acontece por 15 minutos, com a mesma restrição de horário do Nível 1;
- Finalmente, existe o Nível 3, que ocorre quando o declínio do S&P 500 chega a 20%.
Caso isso aconteça, as negociações são paralisadas pelo restante do horário de pregão.
Na analogia de um circuito elétrico, a queda no S&P 500 seria uma sobrecarga no sistema. E a paralisação do pregão seria o disjuntor sendo acionado para evitar um problema ainda maior na "rede".
A origem desse mecanismo está em um episódio que marcou negativamente a vida dos investidores dos Estados Unidos: a chamada "Black Monday". Em 19 de outubro de 1987, uma segunda-feira, houve uma queda de 22,6% (508 pontos) do Índice Dow Jones.