Corrida por “carros voadores” acelera mercado de fabricantes de aeronaves

‍Eve, divisão da Embraer, anuncia fusão com empresa americana e prepara IPO dos EUA; Boeing e Airbus também disputam mercado de táxi aéreo, o "carro do futuro".
Flying Cars

A gente já falou aqui na SproutFi sobre como está o cenário para investir em companhias aéreas em 2022.

Mas você já pensou em investir nas empresas que fabricam as aeronaves?

Conheça melhor quatro gigantes globais do setor: uma brasileira, e três norte-americanas - uma delas, aterrizando no Brasil.

Embraer ($ERJ)

A Embraer é líder mundial na fabricação de jatos comerciais de até 130 lugares. E é a maior exportadora de produtos de alto valor agregado no país.

Em 2020, amargou um prejuízo de R$ 3,6 bilhões em 2020, com as turbulências causadas pela pandemia, e com o fim do acordo comercial que tinha com a Boeing (leia mais abaixo).

Mas está recuperando a altitude. Em 2021, a empresa voou em céu de brigadeiro: registrou a maior alta entre as empresas listadas na B3 em 2021, com uma impressionante valorização de 180% – ou seja, as ações quase triplicaram de valor.

A Embraer também tem ADRs (recibos de ações) na NYSE (bolsa de Nova York). Em 2021, os papéis subiram 160% por lá.

Eve

A Eve Holding é um braço de inovação e mobilidade urbana aérea da Embraer. E foi uma das chaves da recuperação da companhia brasileira, mesmo em meio às incertezas no setor de aviação.

Ela desenvolve aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical - conhecidas pela sigla em inglês eVTOL e também chamadas de "drones de passageiros" ou táxi aéreo, como já falamos em outro artigo aqui na SproutFi.

Entenda eVTOL

Os eVTOLs também têm sido nomeados popularmente de “carros voadores”. Eles prometem revolucionar o transporte urbano ao longo da próxima década.

São aeronaves que se parecem com helicópteros, mas têm várias diferenças, claro. Uma delas é a tecnologia específica de eVTOL para voos em curtos trajetos - não mais que 30 minutos.

E, assim como helicópteros, precisam de pistas para decolagem e aterrissagem, como os helipontos.

Mas outro diferencial é que fabricar uma aeronave com tecnologia eVTOL custa mais barato. Além disso, ela polui menos, já que é movida a energia limpa, como hidrogênio ou baterias de íon-lítio.

Protótipo do carro voador elétrico da Eve. Empresa é uma divisão da Embraer. Foto: Eve/Divulgação

Drone de passageiros no Brasil

Em novembro, a Eve realizou simulações de uma rota aérea potencial no Rio de Janeiro, uma das cidades com os maiores congestionamentos do mundo.

Os testes foram feitos com helicópteros convencionais e forneceram dados relevantes sobre a aceitação da operação e de controle de tráfego aéreo.

A previsão da Eve é iniciar a operação comercial dos “carros voadores” em 2026, começando pelos EUA

Especialistas avaliam esse mercado como altamente promissor, tanto pelo trânsito cada vez pior nas grandes metrópoles, como pela necessidade da redução das emissões de carbono.

SPAC da Eve, braço da Embraer

Em dezembro, a Eve anunciou que vai abrir capital, para fortalecer a empresa na corrida de eVTOL. O IPO vai ser através de SPAC, em acordo de fusão já firmado com aamericana Zanite.

A operação deve se concretizar no segundo trimestre de 2022, na bolsa de Nova York. E deve atingir US$ 2,9 bilhões.

E ainda falando em negócios, a Embraer anunciou nesta segunda-feira, 24/jan, um contrato de US$ 3,9 bilhões com a empresa norte-americana Azorra. Adquiriu 20 aviões, além de opção de compra de mais 30 unidades. As entregas das aeronaves começam em 2023.

Conheça agora as empresas que disputam mercado com a Embraer.

Boeing ($BA)

Boeing e Embraer quase engataram um relacionamento em 2018. MAs ele terminou antes mesmo de começar – e foi um término daqueles bem conturbados.

Naquele ano, a Boeing havia acordado em comprar 80% da divisão de jatos comerciais da Embraer. A união entre as duas empresas, avaliada em quase US$ 5 bilhões, já tinha até nome: Boeing Brasil Comercial.

Mas o plano azedou. Em 2020, a Boeing anunciou que desistiu da fusão. A gigante americana afirmou que a empresa brasileira não tinha cumprido exigências que constavam do acordo.

A Embraer negou qualquer irregularidade e abriu um processo de arbitragem contra a Boeing. A brasileira alega que a Boeing forçou a rescisão por estar em crise – desencadeada pela queda de duas aeronaves 737 Max em 2018 e 2019, que deixou 346 mortos, e agravada pela pandemia.

A disputa judicial entre as duas empresas segue. E promete ser dura e longa. Vamos aguardar.

Ao mesmo tempo, a Boeing também está de olho na corrida pelo mercado de “carros voadores”. Nesta terça-feira, 25/jan, a empresa anunciou um investimento de US$ 450 milhões na startup americana Wisk, para acelerar o desenvolvimento de carros voadores autônomos.

Com sede na Califórnia, a Wisk é uma joint venture entre a própria Boeing e a Kitty Hawk, criada por Larry Page, cofundador da Google.

Airbus SE ($EADSY)

A espanhola Airbus iniciou um projeto de desenvolvimento de aeronave elétrica em 2015. Apresentou o protótipo em março de 2019 – e, em maio, realizou o primeiro voo teste.

Em julho de 2020, aconteceu o primeiro voo totalmente automático. E até agora, já foram mais de 240 testes de voo, em veículos tripulados e não tripulados, nos dois modelos da empresa: o Vahana e o CityAirbus.

Em setembro, a Airbus apresentou a nova versão do seu eVTOL, CityAirbus NextGen, que é uma combinação dos outros dois modelos.

A empresa planeja o início dos testes de voo para o ano que vem. E espera que o veículo seja certificado para uso já em 2025.

CityAirbus NextGen deve ter primeiro voo teste em 2023. Foto: Airbus/Divulgação