O banco central dos Estados Unidos vai subir os juros? Descubra o que isso tem a ver com o seu bolso

Entenda por que o mundo todo está na expectativa dos próximos passos do Fed, o Federal Reserve. E mais: as diferenças entre o Fed e o Banco Central do Brasil.
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Todo mundo sabe que os Estados Unidos são a maior economia do planeta. Ou seja: o que acontece por lá, claro, mexe com o mundo todo. Nos últimos meses, vem crescendo a expectativa de que os juros nos EUA, que estão praticamente zerados, voltem a subir. E a gente vai explicar tudo isso pra você.

No início de 2020, para enfrentar a tragédia anunciada da pandemia, o Federal Reserve, o banco central norte-americano, fez o maior corte na taxa básica de juros dos Estados Unidos desde a crise financeira de 2008 – aquela que derrubou tudo e todos, lembra?  

Desde então, os juros estão estacionados perto do zero, num intervalo que vai de 0% a 0,25% ao ano – isso para incentivar o consumo e a recuperação da economia diante de um cenário tão adverso.

Em seus comunicados, o Fed vinha repetindo que não iria voltar a subir a taxa básica de juros tão cedo. Mas aí, apareceu uma pedra no sapato: a tal da inflação.

O avanço da inflação nos Estados Unidos

Com a disparada dos combustíveis e a baixa oferta de produtos por causa da pandemia, os preços aos consumidores nos Estados Unidos subiram e muito.  

Em novembro, o acumulado da inflação em 12 meses foi de 6,2% – o maior em 31 anos! Parece baixo perto da nossa inflação aqui no Brasil, que já passa de 10% em um ano (tá bem puxado, né?). Mas, para a economia americana, é um patamar bem elevado.  

Os juros vão subir?

Essa aceleração da inflação tem assombrado o governo norte-americano. Sem falar que é um desafio para o presidente do Fed, Jerome Powell. O dilema é o seguinte: dependendo da dose, a alta de juros pode ser tanto um remédio quanto um veneno para a economia.

Se por um lado os juros mais altos controlam a inflação, ou seja, freiam a disparada dos preços, por outro, eles esfriam a atividade econômica.

Por quê?

Juros altos inibem o consumo, dificultam o acesso dos consumidores ao crédito, entre outros. E, vamos combinar que, depois de uma pandemia, a grande preocupação é reaquecer a atividade econômica e gerar empregos, né?

Por isso, ultimamente, o Fed vem sinalizando que vai ser mais tolerante com a inflação para garantir um crescimento mais sustentável da economia num momento crítico como esse.

Que os juros vão subir, não há dúvida. A grande questão é quando. Muitos analistas acham improvável que o Fed inicie esse ciclo já no ano que vem, levando em conta que o Fed tem outros estímulos à economia para retirar primeiro. Já alguns dirigentes do próprio BC americano, como o presidente da distrital de Atlanta, Raphael Bostic, acreditam que os juros comecem a aumentar no segundo semestre de 2022.

O que acontece com os seus investimentos se o Fed subir os juros?

A partir disso, a pergunta que surge é: se o Fed subir os juros, o que muda nos seus investimentos? Basicamente, investir nos Estados Unidos vai ficar mais atraente.

Juros mais altos melhoram a rentabilidade das aplicações em renda fixa, mais conservadoras. Com isso, tendem a tirar dinheiro de investimentos da economia real e de ativos mais arriscados, como a bolsa de valores.

Agora, com uma economia gigantesca como a dos EUA, a "brincadeira" ganha proporções globais, é claro. Empresas do mundo todo começam a sacar dinheiro de economias emergentes (como a nossa) para direcionar ao porto seguro dos títulos do Tesouro americano – os mais seguros do mundo.

Com isso, aqui no Brasil, a tendência é o dólar subir e o Ibovespa ter pressões de baixa. Por isso, é bom começar a ficar ligado já no ano que vem e diversificar os investimentos para ativos atrelados à economia americana e, principalmente, ao dólar.

E, além disso, a gente lembra que temos eleições presidenciais no Brasil em 2022, o que deve gerar muita (muita mesmo!) volatilidade nos ativos por aqui. Mais um motivo para começar a deixar a carteira de investimentos mais gringa. :)