Teto da dívida nos Estados Unidos: saiba o que é e qual é a importância

Neste artigo:
- O que é o teto da dívida;
- Como isso afeta a economia.
O teto da dívida dos Estados Unidos foi assunto no noticiário econômico entre o fim de maio e o início de junho de 2023. A Câmara dos Representantes norte-americana – o que equivalente à Câmara dos Deputados do Brasil – aprovou em 31 de maio de 2023 a suspenção do teto da dívida. Uma semana depois, em 6 de junho, foi a vez de o Senado americano ratificar a proposta.
Na prática, isso fez com que o limite de débitos do governo dos Estados Unidos para o ano fiscal de 2023, fixado em US$ 31,4 trilhões, pudesse ser estourado até 1º de janeiro de 2025. A medida foi tomada para evitar que o país desse calote nos credores, o que poderia gerar uma crise econômica mundial.
Continue lendo o artigo para entender mais sobre o assunto
O que é o teto da dívida nos Estados Unidos
O teto da dívida – "debt ceiling", em inglês – é um mecanismo criado em 1917 que estabelece o valor máximo que o governo dos EUA pode tomar emprestado emitindo títulos.
Para o ano fiscal de 2023, a quantia estipulada foi US$ 31,4 trilhões. O valor foi atingido ainda em janeiro de 2023, o que levou o governo norte-americano a "esticar o prazo" de pagamento. O valor mais recente divulgado pelo governo americano para o débito é de US$ 31,9 trilhões.
Desde 1917, o teto já foi elevado mais de 70 vezes, o que protegeu os Estados Unidos (e, consequentemente, a economia mundial) de uma crise.
Quando o teto de endividamento é atingido, o governo torna-se incapaz de honrar seus compromissos financeiros. Assim, o país deve encontrar outras formas de pagar as despesas, como cortar gastos e utilizra outras formas de executar pagamentos.
Com a aprovação da suspensão do teto da dívida, o país liderado pelo presidente Joe Biden terá o limite de gastos cancelado até 1º de janeiro de 2025. Em novembro de 2024 estão marcadas as eleições presidenciais no país. Biden, que é do partido Democrata, anunciou em abril de 2023 que será candidato à reeleição.
O que isso impacta na economia?
Caso os Estados Unidos não conseguissem cumprir suas obrigações financeiras, dando um calote nos credores, a estimativa de especialistas financeiros era de caos econômico. Afinal, se o país que tem reconhecidamente a maior economia do mundo passa por maus momentos, é sinal de que as coisas estão ruins para todos.
Além da questão da confiança para os investidores, existe o impacto para outros governos.
"Seria absolutamente devastador se os EUA, um dos maiores motores da economia global, tiver seu Produto Interno Bruto tirado dos trilhos pela ausência de um acordo", afirmou o ministro das Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, durante a 49.ª reunião de cúpula do G7, ocorrida no fim de maio de 2023, no Japão.
Caso o teto da dívida não fosse suspenso, o efeito seria, de fato, gigantesco, tanto dentro dos Estados Unidos quanto para os outros países.
"Com um calote dos EUA, os investidores entrariam em pânico e se perguntariam: 'O Japão será o próximo? O Reino Unido? A Alemanha? Quem mais se tornará inadimplente?'", falou Simon French, economista-chefe do banco de investimentos Panmure Gordon, em entrevista à BBC.
A tendência, caso ocorresse calote, era a redução no valor do dólar além de recessão interna.
"O governo pararia de distribuir pagamentos de benefícios sociais e apoio às pessoas, o que afetaria a capacidade delas de consumir e pagar suas contas", diss Russ Mould, diretor de investimentos da AJ Bell, à BBC.
"Os EUA são um dos maiores parceiros comerciais do mundo. Em caso de calote, o país compraria menos produtos do resto do mundo", analisou o economista Mohamed El-Erian, presidente do Queens' College da Universidade de Cambridge, também à BBC.
E no Brasil?
Caso a economia americana aplicasse calotes por conta da dívida, o Brasil seria afetado, de acordo com especialistas consultados pelo G1.
Os efeitos no países seriam a desvalorização do real frente a outras moedas, queda na bolsa de valores, elevação da taxa de juros e possível recessão.
"Afinal, se o país mais seguro do mundo deu calote, o que esperar dos emergentes?", analisou Thomas Gibertoni, analista de cenário macroeconômico na Portofino, em entrevista ao veículo.
*Este é um exemplo ilustrativo e não representa uma recomendação de investimento.